domingo, 12 de dezembro de 2010

Eileen possuía mãos delgadas, frias, e brancas, também, mas era uma menina. Mãos que pareciam marfim; só que tenras. Esse era o sentido da Torre de marfim; mas os protestantes incapazes de entender faziam gracejos com isso. Uma vez ele parara junto dela, vendo-a olhar para os pavimentos do hotel. Um servente estava enrolando uma bandeira numa haste e um cão fox-terrier corria em todas as direções na relva batida de sol. Ela havia posto a sua mão no bolso dele onde ele estava com a sua já enfiada; e ele havia sentido quão fria , delgada e macia era a mão dela. Ela dissera que bolsos eram coisa engraçada de ter; e então, depois, sem mais aquela, tinha parado de falar e saíra a correr, rindo, pelo declive abaixo do caminho. Seu lindo cabelo se tinha derramado atrás dela como ouro ao sol. Torre de marfim. Casa dourada. É pensando direito nas coisas que a gente as entende.

*James Joyce em Retrato do artista quando jovem.

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