terça-feira, 30 de novembro de 2010

Te espero inventar meu nome para mim desde o acre-mel de marimbondos da minha juventude. (é tarde).


* Adélia Prado editada por mim.


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ah que estou sentida e portuguesa, e agora não
sou mais, veja, não sou mais severa e ríspida:
agora sou profissional.

*Ana Cristina César

terça-feira, 23 de novembro de 2010


a love that should´ve lasted years (he wrote).
a love that should´ve rested in peace (she thought).

sábado, 20 de novembro de 2010

Queria que te visses como te vejo (tão claro e sem fim). Entederias tudo ou morrerias de susto.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Foi coisa de três ou quatro dias, estes resumidos a um tempo de aproximadamente três a quatro horas. Na verdade o primeiro foi o mais longo, coisa de doze horas (um café bem forte, por favor?). Vive-se quatro dias em 20 horas; as demais são para manutenção, tudo é posto na mesma ordem de sempre.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Todos os meninos lhe pareciam muito estranhos. Todos eles tinham pais, mães, roupas e vozes diferentes. Sentiu saudades de casa, desejou encostar a cabeça sobre o colo da mãe. Mas isso agora era impossível; assim, pois, desejou acabasse o brinquedo, o estudo e as orações para ir logo para a cama.
Bebeu outra xícara de chá e Fleming disse:
_Que é que há? Estás com alguma dor, ou o que é que há?
_Não sei _ disse Stephen.
_Vomita na tua cesta de pão _ disse Fleming _ pois estás com a cara branca como quê! Vomitando, passa logo.
_ Oh! sim _ disse Stephen.
Mas não era no rosto que ele se sentia doente. Pensou que estava doente mas era no coração, se é que se pode ter doença nesse lugar. Fleming era muito bonzinho em lhe perguntar isso. Ficou com vontade de chorar. Fincou os cotovelos sobre a mesa e começou a apertar e soltar as orelhas. Cada vez que abria os pavilhões das orelhas escutava o barulho do refeitório. Isso produzia um ruído como o de um trem à noite. E quando apertava os pavilhões das orelhas o estardalhaço se fechava como um trem entrando num túnel. Aquela noite, em Dalkey, o trem ia rangendo com o barulho de agora e, depois, quando entrou no túnel, o barulhão tinha sumido. Fechava os olhos e o trem continuava, fazendo barulho e calando; fazendo barulho e calando. Era gostoso ouvi-lo rugir e calar, e começar outra vez a rugir ao sair do túnel e em seguida tornar a ficar silencioso.

*James Joyce em Retrato do artista quando jovem.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

From my past relationships:

Left by the lamp, right next to the bed, on a cartoon cat pad you scratched with a pen:
"Everything is as it has always been, this never happened. Don´t take it to bad, it´s nothing you did, it´s just once something dies you can´t make it live. You´re beautiful boy, you´re a sweet little kid, but I am a women."

quinta-feira, 11 de novembro de 2010





Photographies obscènes pour stéréoscope, 1860.
Auguste Belloc.




Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.

Elegia: Indo para o leito.
John Donne
_ Não faz mal. Bobo é aquele que ama sem esparadrapo. (beijo final)

*Fala final de Diabo da Fonseca. Nelson Rodrigues em "Viúva, porém honesta".

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Não ando mais só. Pelo contrário, as presenças ganharam em tamanho e importância. São todas bem maiores que eu. Escuto do quarto seus passos pela casa, escuto conversas quando não quero ouvir nada. Fecho todas as portas, fecho as frestas das janelas mas estão todas lá, enormes, cada qual em seu cômodo. Agora o mais raro aconteceu, estou despovoada. O pior?! Reação adversa, estou também paralizada. Não leio, não escrevo (isso não é escrita) , não vejo um filme, não tiro a roupa, não tomo água, não fumo. Só espero por alguma presença iminente. Logo eu que ansiava por arejamento. Bom, vou abrir a janela e que isso baste.

Mesmo assim, penso que é na completa solidão que se produz o melhor.
Você acha que ele aguenta?

devagar
peça mais
e mais e
mais.

Recortanto e colando Ana Cristina César.