quarta-feira, 18 de maio de 2011

Liberdade pra quê? Liberdade têm os outros de te montar em cima, de te arrancarem o naco de carne da boca, tens medo de que te tirem o quê se não tens nada?

*Hilda Hilst em Axelrod (da proporção).

terça-feira, 17 de maio de 2011

miro mas só vejo o avesso do olho. esquerdo.
no peito. preclaro pulsa à direita.
ao centro. nada.

quarta-feira, 11 de maio de 2011


Cruzes, que vida comprida
Pra que tanta vida pra gente desanimar.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Resignação é o estado mais estranho a ser vivenciado. Aceitação de algo com o qual não concordamos mas que é imutável, contra o qual não há resistência, ou melhor, não está em nossa alçada resistir. Resignação e paralisia são estados irmãos, se fazem presentes em Joyce, preenchem as lacunas de Woolf. É onde recentemente me hospedo, não com orgulho mas com cansaço. No final das contas, se cansei com a farda, devo descançar com ela também.

domingo, 1 de maio de 2011

Contusão

A cor aflui ao local, púrpura e baça.
O resto do corpo está sem cor,
a cor da pérola.

Numa cavidade da rocha
o mar sorve obsessivamente,
uma concavidade, o centro de todo o mar.

Do tamanho de uma mosca,
a marca do destino rasteja pela parede.

O coração fecha-se,
o mar retira-se,
os espelhos estão velados.

*Sylvia Plath.
Acendemos paixões no rastilho do próprio coração. O que amamos é sempre chuva, entre o voo da nuvem e a prisão do charco. Afinal, somos caçadores que a si mesmo se azagaiam. No arremesso certeiro vai sempre um pouco de quem dispara.

*Mia Couto em Cada homem é uma raça.