sábado, 21 de agosto de 2010

"Para exemplificar, notemos que aquilo que mais lhe agrada na terra é que ela seja comum e difusa, mais do que qualquer outra coisa e por causa dessa vulgaridade, ela muitas vezes tenha desencorajado os homens que não lhe dirigiam mais que um olhar distraído. Porque não se trata do conceito ideal da terra ou de sua inspiração sentimental, que tantas vezes animam os sábios e os idiotas, nem de suas relações com a humanidade... Trata-se da matéria ordinária que está diretamente sob os pés e que às vezes gruda nas solas, daquela espécie de muro horizontal, daquele plano que nos transporta e que é tão banal que escapa à visão, salvo nos casos de esforço prolongado. Aquela matéria da qual se poderia dizer que não há nada de mais concreto, pois nunca deixaremos de pisoteá-la sem os artifícios da arquitetura."

Duffet ou o ponto extremo, André Pieyre de Mandiargues, 1956.

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