quinta-feira, 31 de maio de 2012

Me visitei ontem. Revi meus apontamentos, inquietações e incursões literárias do período de 2006 a 2009. Entesourar frases era passatempo, me achava forte e muito inteligente. Ligava fotografias a trechos de livro de forma equivocada. Tentava escrever sobre o nada com um método bem capenga: anotava em um caderno todas as palavras mais empoladas e bonitas, passava horas procurando em livros de história da arte e poesia os dizeres perfeitos para meu léxico pessoal. Depois ia costurando tudo. Construía textos que remetessem a minhas mazelas de amor, nenhuma de fato correspondente ao sofrimento que eu inventava. Não dominava o português, cometia erros primários que, em constraste com a pedância do vocabulário, me deram o título de pretensa escritora mais risível da história. Reli tudo, primeiramente com espanto, depois com muita ternura. Meus primeiros passos foram errantes como se deve ser.

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