segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ser, na expressão de Valéry, o olho que transforma o muro em nuvem. Apoiar-se sobre o que há de mais leve, as nuvens e o vento, e dirigir o olhar para aquilo que só pode se revelar por uma visão indireta. Toda uma paisagística está contida aí. Capaz de- sem deixar de dar concreção e espessura às coisas- subtrair peso do mundo. Leve, mas precisa e determinada como o vôo de um pássaro. Capaz de tratar a gravidade com graça. "Retirar o peso" é transformar o mundo em paisagem, pintá-lo com aquarela, com pastéis. Buscar imagens de leveza - grãos de poeira que turbilhonam no ar. Aliviar a paisagem de todo o seu peso até fazê-la semelhante à luz da lua. Transformar tudo em luz: ideário clássico da pintura de paisagem.

* Nelson Brissac Peixoto em Paisagens Urbanas. Grifos da minha irmã, também meus.

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