sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

As sensações físicas involuntariamente produzidas em alguém que leia a obra carregam consigo algo que se refere ao conjunto das experiências que o leitor tem de sua humanidade — e de seus limites como personalidade e como corpo. A singularidade da intenção pornográfica é, na realidade, espúria. Mas a agressividade da intenção não o é. Aquilo que parece um fim é, na mesma medida, um meio, assustadora e opressivamente concreto. O fim, entretanto, é o menos concreto. A pornografia é um dos ramos da literatura — ao lado da ficção científica — voltados para a desorientação e o deslocamento psíquico.

*Susan Sontag em A imaginação pornográfica.

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