domingo, 10 de outubro de 2010

VIII. O JESÚVIO

O globo terrestre fez-se enorme como um crânio calvo em cujo centro o olho, aberto ao vazio, é vulcânico e lacustre ao mesmo tempo. Entre refegos fundos de carne peluda vai estendendo uma paisagem desastrosa e o pêlo dos seus matagais inunda-se de lágrimas. Mas os sentimentos perturbados de uma decadência ainda mais estranha do que a decadência da morte não vão buscar a sua origem num cérebro que é igual aos outros: só lentos intestinos se comprimem por baixo dessa carne nua, tão afetada de obscenidade como um traseiro, e ao mesmo tempo satânica como as nádegas de Igual forma nuas que uma jovem feiticeira mostra ao céu completamente negro, no instante em que a sua base vai abrir-se para lá cravarem um archote em chamas.
O grito de dor arrancado a esta cratera cônica febril soluço de ribombo de trovão.
O olho fecal do sol arrancou-se, também, a estas entranhas vulcânicas; e a dor de um homem quando arranca os olhos a si próprio, e com os seus próprios dedos, não será mais absurda do que este parto anal do sol.

*Bataille em O ânus solar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário