sábado, 4 de setembro de 2010

Devolvam-me

Devolvam-me
Devolvam-me aquela porta sem fechadura
Mesmo que já não ligue a nenhum quarto, devolvam-me
Devolvam-me o galo que me acordava todas as manhãs
mesmo que tenha sido devorado, devolvam-me os ossos
Devolvam-me o canto do pastor que soava na encosta da
[montanha
mesmo que tenha sido gravado em cassete, devolvam-me
[a flauta
Devolvam-me o espaço do sexo
mesmo que tenha sido poluído, quero o direito à proteção
[do ambiente
Devolvam-me a boa relação com meus irmãos e as
[minhas irmãs
mesmo que só tenha meio ano de vida, devolvam-me
Devolvam-me todo o globo
Mesmo que tenha sido dividido
em mil países
em cem milhões de aldeias
ainda o quero, muito.

*Yan Li em Um barco remenda o mar.
obs: a formatação original do poema foi atropelada pelo blogspot.



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